13 de abr. de 2009

Sempre achei essa história linda,e sábia!!

Um senhor vivia sozinho. Queria virar a terra de seu jardim, mas o trabalho era muito pesado. Seu único filho estava na prisão. Mandou uma carta ao filho: 'Querido Filho, estou triste, pois não vou poder plantar meu jardim este ano. Detesto não fazê-lo, pq sua mãe sempre adorava as flores. Estou velho demais, se você estivesse aqui... Com amor, Seu pai.' Pouco depois recebeu um telegrama: 'PELO AMOR DE DEUS, pai, não escave o jardim! Foi lá q eu escondi os corpos' As correspondências eram monitoradas na prisão, às 04 da manhã, 12 do Agentes apareceram e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar nenhum corpo. Confuso, o velho escreveu contando o q acontecera. Esta foi a resposta: 'Pode plantar seu jardim agora, pai. Isso é o máximo q eu posso fazer no momento. Te amo.' Nada como uma boa estratégia. Assim, é importante repensar sobre as pequenas coisas q muitas vezes nós mesmos colocamos como obstáculos em nossas vidas. Beijo e carinho!

Texto ultrapassado

Chegou a conta de celular de fevereiro. Mês de Rolling Stones, Franz Ferdinand, carnaval. Ou seja, mês de pagar o maldito deslocamento. Nem cito valores, para não reviver a tristeza que senti ao ver o quanto tive que desembolsar. Resolvi então ir à loja da minha operadora para trocar o plano com urgência. Sento com uma atendente muito da grossa, com a cara cheia de espinhas e voz de macha. Lembrei do Massaranduba. - Qual é seu plano? - Não sei o nome. Comprei na promoção do Dia dos Pais de 2004. - Ihh, seu plano é bem antigo. Antigo? Mas hein? Quer dizer que agosto de 2004 agora é antigo? A noção de tempo mundial mudou mesmo, isso não é mistério. Mas daí a 2004 ser antigamente é demais. Só faltou ela falar que em algumas cavernas já encontraram até desenhos com seres humanos caçando mamutes e usando um celular igual ao meu. E isso porque o comprei em 2003. Sempre foi perfeito para mim. Nunca senti falta de máquina fotográfica, tela colorida, toques polifônicos, poliglotas, enfim. Máquina fotográfica é igual. Quando surgiu a digital, foi aquele furor anal nos famintos por lançamentos tecnológicos. De repente, ter uma máquina de 2 MP passou a ser credo, ridículo, que vergonha. Comprei a minha com 5 MP, pensando em também usar sua poderosa definição e recursos fantásticos em layouts. Na colação de grau do meu irmão, uma mulher sentada ao meu lado olhou para minha máquina com aquela carinha de inveja e perguntou: - Quantos megapixels a sua tem? Sete? - Não. Tem 5. Pronto. A expressão dela voltou a relaxar e um sorriso de canto de boca aflorou naquela cara cheia de pancake: - A minha tem 7. Mal sabe ela que provavelmente nunca vai desfrutar de seus tão bem-dotados sete megapixels. Que pra uma câmera ser boa, outros fatores também têm que ser considerados. Optei por fazer minha boa ação do dia. Fiquei quieta. E nem foi só a tecnologia que ficou mais perecível. Tudo vai ficando ultrapassado com uma velocidade maior que nossa memória e conta bancária podem suportar. Até as relações pessoais. Acompanha só: Você quer conhecer uma banda nova. Vai e baixa em casa mesmo. Só que não tem tempo pra escutar. Então compra um MP3 player. Mas celular e MP3 player ocupam muito espaço. Compra um celular com MP3 player e máquina fotográfica. A resolução da máquina fotográfica não é tão boa assim. Compra um supermáquina digital. Aí você começa a tirar foto de tudo quanto é coisa: você no espelho, amigo bêbado, fotos poéticas. Pensa então: vou criar um fotolog. Aproveita e entra no Orkut também. Olha!, que jóia, todos seus amigos lá, até aqueles sumidos. Adiciona todos no Messenger. Toda vez que entra na internet, faz malabarismo indo ao Orkut, fotolog, checando seus emails, baixando músicas e ainda falando pelo Messenger. Quando você vê, tudo que foi criado pra “ganhar” tempo, “ganhar” espaço, só fez você passar mais horas num mundo virtual, fazendo a manutenção de tudo que criou. E por mais que as maravilhas da modernidade deixem tudo mais prático, nada se compara a encontros ao vivo, pessoas reais. - Me deu um ninja, hein? - Foi mal, não deu pra ir. Não viu o recado que deixei pra você no orkut? - Não acessei essa semana. - Também mandei email. - Não acessei também. - Te mandei torpedo, cara. - Meu celular quebrou, contei não? - Porra, assim fica difícil te encontrar. Mas bem que tentei avisar. - Mas por que você não foi? - Marquei de encontrar uma amiga que mora na Inglaterra no Skype. - Porra, cara, mas era nosso chope mensal. - Foi mal. Mas é que antigamente eu tinha mais tempo. Entra aí no Messenger que a gente se fala mais.

As dores e o tempo

Experimente fazer um corte no seu próprio braço. Nada de mais, algo superficial. Vai doer, ficar vermelho, sangrar, arder na hora do banho. Provavelmente você tenha que colocar um band-aid. Vai incomodar. Mas no dia seguinte o corte terá uma fina casquinha. Mais dois ou três dias a casca ficará mais forte e a pele por baixo vai estar quase sarada. Em uma semana a casca já se foi e seu braço estará lá, com uma leve marca branca, um fio que irá desaparecer com o tempo. Mas você olha e tem certeza de que o machucado fechou e não abre mais, a não ser que você se corte novamente. A cicatriz não incomoda, a pele está praticamente perfeita, tudo certo. Experimente um corte na alma. Uma dor qualquer – uma decepção, uma traição, uma perda. Você consegue saber quando a cicatriz fecha de vez? Prefiro mil cortes no braço a uma dor na alma. Não vejo o quanto ela sangra, acho que já estou curada e de repente, sem eu saber por que, a dor volta e sangra tudo novamente. O tempo cura tudo? Os cortes no meu braço, sim, na minha alma, desconfio que não. Ou pelo menos esse tempo é bem maior do que eu pensava. E também me engana, pois vejo ele passar e não vejo minha alma sarar. O problema está em mim ou no tempo? Ou nos cortes que tenho? Se souber o nome do remédio pra isso, me conte. Tempo eu já sei que não é.

Fevereiro- Depois do Jantar

Lagoa Rodrigo de Freitas - RJ Também, que idéia a sua: andar a pé, margeando a Lagoa Rodrigo de Freitas, depois do jantar. O vulto caminhava em sua direção, chegou bem perto, estacou à sua frente. Decerto ia pedir-lhe um auxílio. — Não tenho trocado. Mas tenho cigarros. Quer um? — Não fumo, respondeu o outro. Então ele queria é saber as horas. Levantou o antebraço esquerdo, consultou orelógio: — 9 e 17... 9 e 20, talvez. Andaram mexendo nele lá em casa. — Não estou querendo saber quantas horas são. Prefiro o relógio.— Como? — Já disse. Vai passando o relógio. — Mas ... — Quer que eu mesmo tire? Pode machucar. — Não. Eu tiro sozinho. Quer dizer... Estou meio sem jeito. Essa fivelinha enguiça quando menos se espera. Por favor, me ajude. O outro ajudou, a pulseira não era mesmo fácil de desatar. Afinal, o relógio mudou de dono. — Agora posso continuar? — Continuar o quê? — O passeio. Eu estava passeando, não viu? — Vi, sim. Espera um pouco. — Esperar o quê? — Passa a carteira. — Mas... — Quer que eu também ajude a tirar? Você não faz nada sozinho, nessa idade? — Não é isso. Eu pensava que o relógio fosse bastante. Não é um relógio qualquer, veja bem. Coisa fina. Ainda não acabei de pagar... — E eu com isso? Então vou deixar o serviço pela metade? — Bom, eu tiro a carteira. Mas vamos fazer um trato. — Diga. — Tou com dois mil cruzeiros. Lhe dou mil e fico com mil. — Engraçadinho, hem? Desde quando o assaltante reparte com o assaltado o produto do assalto? — Mas você não se identificou como assaltante. Como é que eu podia saber? — É que eu não gosto de assustar. Sou contra isso de encostar o metal na testa do cara. Sou civilizado, manja? — Por isso mesmo que é civilizado, você podia rachar comigo o dinheiro. Ele me faz falta, palavra de honra. — Pera aí. Se você acha que é preciso mostrar revólver, eu mostro. — Não precisa, não precisa. — Essa de rachar o legume... Pensa um pouco, amizade. Você está querendo me assaltar, e diz isso com a maior cara-de-pau. — Eu, assaltar?! Se o dinheiro é meu, então estou assaltando a mim mesmo. — Calma. Não baralha mais as coisas. Sou eu o assaltante, não sou? — Claro. — Você, o assaltado. Certo? — Confere. — Então deixa de poesia e passa pra cá os dois mil. Se é que são só dois mil. — Acha que eu minto? Olha aqui as quatro notas de quinhentos. Veja se tem mais dinheiro na carteira. Se achar uma nota de 10, de cinco cruzeiros, de um, tudo é seu. Quando eu confundi você com um, mendigo (desculpe, não reparei bem) e disse que não tinha trocado, é porque não tinha trocado mesmo. -Tá bom, não se discute. — Vamos, procure nos... nos escaninhos. — Sei lá o que é isso. Também não gosto de mexer nos guardados dos outros. Você me passa a carteira, ela fica sendo minha, aí eu mexo nela à vontade. — Deixe ao menos tirar os documentos? — Deixo. Pode até ficar com a carteira. Eu não coleciono. Mas rachar com você, isso de jeito nenhum. É contra as regras. — Nem uma de quinhentos? Uma só. — Nada. O mais que eu posso fazer é dar dinheiro pro ônibus. Mas nem isso você precisa. Pela pinta se vê que mora perto. — Nem eu ia aceitar dinheiro de você. — Orgulhoso, hem? Fique sabendo que tenho ajudado muita gente neste mundo. Bom, tudo legal. Até outra vez. Mas antes, uma lembrancinha. Sacou da arma e deu-lhe um tiro no pé. Carlos Drummond de Andrade

Gente Fina...

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana. Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas. Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. O que mais se pode querer? Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença
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