24 de set. de 2010

O Tiririca depois da eleição por Fiapo de Jaca




Atenção: o texto abaixo foi escrito com base nas informações repassadas pela Mãe Jandira, a mesma vidente que, dentre outras tragédias, previu o sucesso do Restart, a criação das promoções de RT no Twitter e a absolvição do Maluf.
Confirmando as previsões, Tiririca se elegeu com bastante tranquilidade. Campeão de votos, boa parte do Congresso o recebeu com desprezo absoluto nos primeiros minutos. Ninguém acreditou que aquela figura teria relevância alguma como parlamentar. Sem as gracinhas do horário eleitoral político, decerto que o show acabara. Todos tinham certeza absoluta que o palhaço se tornaria um fantasma naquele ambiente.
No entanto, a indiferença começou a ruir no primeiro dia mesmo. Carismático, Tiririca foi cativando aos poucos os seus colegas de bancada. “Ô, seu abestado, se você continuar róbando, eu vou... móóóó... rrerrrr...”, ele disse pro nobre colega que era figurinha fácil nas CPIs. Todos caíam na gargalhada com as brincadeiras inocentes do palhaço. As dancinhas dele durante as votações, junto com o sorriso banguela, deixaram o ambiente menos estressante. A cada dia que passava, aumentava a popularidade de Tiririca entre os parlamentares. Tornou-se o mascote da casa, definitivamente.
Um ano depois, ninguém estranhou quando o palhaço assumiu a presidência da casa. Afinal, tratava-se de uma unanimidade, acima do governo ou oposição. Era um conciliador. Nunca o Congresso gargalhara tanto quanto naquele discurso de posse, que terminou com a já clássica dancinha da vitória. “Ó pessoal, se eu souber que alguém tá desviando bufunfa, sabem o que vou fazer? Sabem não, seus abestado? Ói, eu vou... vou chóóóórar... Inhééé...”, dizia ele, numa voz fininha. O tiririquismo avançava de maneira impressionante. Além de engraçado, já era considerado temido por muitos, que riam forçado até das piadas sem graça, só pra não ficar mal diante da maior liderança política dos últimos tempos.
Líder absoluto em todas as pesquisas, Tiririca candidatou-se à Presidência da República em 2014. Sempre que perguntavam se ele tinha ideia do que fazia um presidente, o palhaço sempre respondia, naquele jeito bem tiririca de ser: “Olha, eu num sabo não... Parece que é divertido subir a rampa do Pranalto, né? Eitcha nóis!”. Com tempo de sobra no horário eleitoral gratuito, quase meia hora, ele aproveitou a ocasião pra fazer uma espécie de Zorra Total. Com quadros que nada tinham a ver com política, o programa sempre terminava com ele abraçado a duas gostosonas seminuas, soltando o bordão da campanha: “Vota ni mim, seus abestado!” A população adorou, é claro. Todos os outros candidatos tentaram ser engraçados também, sem sucesso. José Serra até que se esforçou bastante, mas não convenceu como humorista de stand up comedy durante os programas dele. Sofisticado demais, sem o carisma que o palhaço tinha de sobra. Constrangedor.
Tiririca elegeu-se logo no primeiro turno com uma folga impressionante em relação ao segundo lugar. Com ele na Presidência da República, tendo Sérgio Mallandro como vice, o Brasil finalmente assumia a sua vocação principal: ser o maior circo aberto do mundo, feito devidamente registrado no Guinness Book. O ciclo político do tiririquismo durou décadas, interrompido apenas pela ascensão ao poder do filho mais carismático do Palhaço-Líder, Tirulipa Jr. Com o tirulipismo, surgiu a esperança de uma nação com um humor menos apelativo. Uma nova era. Infelizmente, as expectativas foram frustradas logo no discurso de posse de Tirulipa Jr, iniciado com a piada do pavê ou pacomê. Aiai, Brasil... Tem jeito não...
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