30 de mar. de 2008

De mãe para mãe




"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão
contra". a transferência do seu filho, menor infrator, das
dependências da
FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do
Estado. Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu
filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como
de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.
Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi
que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam
com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de
direitos humanos.
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto.
Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu
filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e
as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso
fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para
auxiliar no sustento e educação do resto da família.
Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha,
para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual. Se você
ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou
estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo
carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores
no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo... Ah!
Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode
ficar tranquila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que
seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem, tá?"".

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