26 de out. de 2009

PRAIA


É incrivel,acho que todo paulista é doido por mar! Branco escritório desce... (descer para muitos significa ir à praia), que apesar de ser a 1 hora e pouco de São Paulo parecem 5, tamanho o trânsito, a fila, o ferry, etc. Alguns vão de ônibus, outros de trem ... Já fui pra Santos de trem,  outros vão de carro, claro que lotado.
Gente simples tem uma concepção de família diferente; família é todo mundo; cunhado, sobrinhos, agregados, tios, tias velhas...A mais bonitinha tem 78 anos e os peitos batem na cintura.
Chegam à praia!!! Que delícia!! Sol, mar, calor, água de coco, garapa (socorro), pastel ou pastéis como bem diz o paulista e isto é o que compram, pois o que levam...Ai! É muito mais lindo...O famoso frango, farofa e outros acompanhamentos e guarnições. O refrigerante é um tipo Tubaína ou coisa assim, adoram também chupar laranja. Suco de laranja não serve, tem que "cascar", chupar e comer o bagaço...Hummm! Como é bom. Deus sabe onde vão parar as cascas, e eles adoram... A farofada acontece, se divertem, se fritam, jogam frescobol, olham as bundas do mulherio e vão pra casa que ninguém é de ferro! Casa minúscula, diga-se de passagem, porém limpinha e acolhedora, cheia de beliches e bibelôs, as tias velhas se misturam às crianças e é claro, não pode faltar a cunhada reclamenta e o cunhado mulherengo e beberrão. Aquele que se entope de cerveja e então acha que bebida fermentada empapuça e não dá barato. Sendo assim parte para caipirinha e termina mesmo no Dreher ou numa boa 51.
Conclusão da estória, acaba capotado no sofá de curvim (aliás, o único da casa), impedindo que as crianças vejam a delícia do Zorra Total ou qualquer cretinice no gênero.
O mencionado cunhado baba, ronca, fala dormindo e que ninguém encoste nele, o bicho dá coices! Acaba acordando com a voz estridente da mulher ou da sogra dizendo... "Nenoooooooo!!!!!!! vá comprar "pão e uns frio", tá na hora do lanche das criança ( paulista consegue por o plural na primeira palavra e engolir o da segunda).
O Neno de ressaca, mau humor, tenta levantar mas está todo grudado no sofá de curvim. Lógico dormiu, sonhou, roncou e com o calorão e o suor, grudou no sofá. Detalhe, Neno passou 5 horas debaixo de um sol de 40 graus e acha que protetor solar é coisa de bicha velha.
Como diz o chato do Faustão, o Neno está um camarão, todo grudado e ouvindo a voz da sogra ou da mulher que parece uma banda de coreto de interior em seus ouvidos.
Para não criar caso Neno resolve ir comprar os pão (um) pro lanche das criança, (todo descendente de italiano fala assim; pra que plural, na Itália basta colocar um i e o problema está resolvido. E quem em Sampa não tiver uma gota de sangue italiano que atire a primeira pedra!
O problema é levantar do sofá! O corpo grudou, a banha colou e o camarão grudado faz creck, creck, creck, (arrancando metade do couro (da pele), porque o sofá é de plástico mesmo).
A pele do Neno é branca, descendente de italiano do Norte, não da Baixa Calábria, se considera chique.
A essa altura ele se dá conta de que está em bolhas, mas vai comprar os pão e os frio.
Sai de casa, e dá com a visão do inferno... As tias, aquelas se lembram, que a mais bobinha tem 78 e os peitos vão até a cintura? Estão, neste momento, por causa do calorão, tomando banho de esguicho. Tirando as areias de Santos, Boqueirão, Praia Grande e São Vicente.
O nome da praia e da cidade mudam, mas as areias são iguais, grudam... Aquela mais bobinha (a mais nova) esta lavando a xoxota, precisa tirar a areia dos "peito" também e Neno se depara com esta cena! Logo ele que é fã da Gretchen, Eliana, até da Sheila Carvalho.
A tia mais idosa (92) se ocupa da mesma função, chiquérrima lava a perereca e para tal, puxa o maiô de ladinho e com a mão vai tentando tirar a areia, check, check, distinta a tal senhora.
Neno entra em depressão, consumido de tristeza e uma certa ressaca, ruma em direção da padaria, mas algo lhe vem a mente, talvez a visão das tias, quem sabe?
Só Nelson Rodrigues poderia explicar, mas o fato é que Neno vai até o cais, pega uma puta, pede uma 51, ótima idéia e só volta na segunda à tarde! 

Pegadas no Caminho

Monica

6 comentários:

J Araújo disse...

Soninha, seu texto é maralhoso. É verdade pura o que vc disse. O problema é a sujeira que a maioria deixa nas praias.

Parece que o povo não tem a minima consciencia de preservação. E quando resolve então adentrar o trecho de Mata Atlântica, vc acha de garraga plástica a saco de estopa, é uma sujeira só.

Que cada um tenha respeito pelo meio ambiente e recolha seu próprio lixo.

Gostei daqui e voltarei outras vezes. Aguardo vc também.

Bj

Graça Pereira disse...

Adorei a tua história de um dia de praia de uma familia brasileira...cheia de humor, de histórias dentro da história , da vivência de certos lares, gente apinhada numa só assoalhada... do Neno que vai aos recados e é apanhado pela tentação...
Gostei. A tua narração é bonita e bem arquitectada. Parabens.
Um beijo e uma boa semana.
Graça

Maria disse...

Amiga, toc...toc...
Amei a história, mas o povão na maioria é assim, e não interessa a Nacionalidade...
Aqui em portugal, já vi até garrafão de vinho, e por ai fora...

:)) Mágico beij.

Majoli disse...

Soninha, você arrasa minha amiga, adoro te ler.
Coitado do Neno, huahuahuahua.

Beijos querida e linda tarde de domingo.

Maria disse...

AMIGA ESPERO QUE ESTEJA TUDO BEM POR AI.
QUE VOCÊ ESTEJA SÓ A TER UMAS BOAS FÉRIAS.

;)) MÁGICOS ABRAÇOS

DESEJOS DE UM BOM FIM DE SEMANA

Tila Waltz disse...

Soninha, muito bom seu texto, como sempre né, deixa eu falar, por aqui em alguns lugares específicos da Barra da Tijuca não é diferente, mas deixemos a vida dos outros em paz!! Estou um pouquinho ausente da net, faço um curso que vai até dezembro com aulas sábados e domingos o dia inteiro, ai, fico esgotada, mas é por aí. Estou com saudades e qro dizer que sou burrinha mesmo, por nada consegui deixar meu blog bonito como o seu, rsrsrs, não consegui fazer o que vc tentou me orientar, mas tá tudo bem, fazer o que né?!! Beijos amiguinha!!

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