5 de set. de 2007

SER DE NINGUÉM...



Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara:
"eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados,
os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos,
ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão,
ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.
Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:
não receber o famoso telefonema no dia seguinte,
não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa,
não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas,
num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente,
o prazer de dormir junto abraçado,
roçando os pés sob as cobertas
e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças.
É cuidar do outro e ser cuidado por ele,
é telefonar só para dizer bom dia,
ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas,
transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné,
um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas,
enfim, é ter "alguém para amar"...

Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.
É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...
(Arnaldo Jabor)

Nenhum comentário:

online